E o Rio de Janeiro continua lindo...

Henrique Fernandes

Ah, o Campeonato Carioca!!

Não há como duvidar, como ponderar: o Campeonato Carioca é diferente dos demais. Se fosse apenas pelo charme natural e reconhecido por todos, pela imponência do Maracanã, pelos clássicos únicos, tudo isto seria relegado apenas à mera tradição de um campeonato históricamente glorioso. Mas não é. O desorganizado Campeonato Carioca se supera, e com uma fórmula inovadora que garante emoção do início ao fim, chega a seu momento derradeiro mais uma vez, cheio de surpresas.

Chegamos, enfim, às semifinais da Taça Rio, o segundo turno do estadual. Enquanto o Flamengo permanece "deitado em berço esplêndido", esperando o adversário para as finais, os rivais Botafogo e Vasco da Gama se engalfinham numa semifinal que promete muita emoção, e os "nanicos" Volta Redonda e Cabofriense disputam a outra vaga em busca do privilégio de enfrentar o Flamengo sob a luz de todos os holofotes na final. É esperar pra ver.

A Cabofriense, sob a batuta de Valdemar Lemos, que substituiu Jair Pereira, se recuperou muito bem da péssima Taça Guanabara e, numa reação consistente, alcançou com méritos a vaga para as semifinais, superando adversários consagrados em sua arrancada como o Vasco da Gama e usurpando a vaga do tradicionalíssimo Fluminense. Conclusão: superou o Madureira, vice-campeão da Taça Guanabara, e ao lado do favorito Botafogo alcançou as semi. De quebra revelou o oportunista William, que marcou tanto quanto o matador Dodô neste carioca: oito gols.

O Volta Redonda, sem dúvidas, impressionou ainda mais a todos. Esperava-se a classificação de Flu e Vasco para a sequência do campeonato, mas o que se viu foi a recuperação de um time que não convenceu na Taça Guanabara, e a inesperada classificação do Voltaço para as semi da Taça Rio. Depois de um início instável e de o treinador Moreno ter sido claramente boicotado pelos atletas do time do Vale do Aço no primeiro turno, Dário Lourenço - maestro do vice de 2005 - assumiu a equipe e arrancou rumo a vaga, alcançada com uma vitória dramática nos minutos finais contra o Americano no funcional estádio da Cidadania. O Voltaço decide a vaga para a final do returno com a Cabofriense, e tem a seu favor o fato de ser mais tarimbado no tocante a decisões, como provou ganhando a Taça Guanabara de 2005.

Agora, que Voltaço e Cabofriense me desculpem, mas o grande jogo desta Taça Rio é o clássico que decerto parará o Maracanã na noite desta quarta-feira, entre Botafogo e Vasco da Gama.

Tempeiro é o que não falta: Baixinho motivado - e ferido - que luta para alcançar seu milésimo gol, Alvinegro de General Severiano vivendo ótima fase e invicto em clássicos em 2007, Vasco da Gama querendo vencer para apagar más atuações recentes, vaga para a final da Taça Rio e provável disputa do título contra o rival Flamengo em disputa, Vasco buscando a revanche após a derrota por dois a zero para o rival há dez dias, e a maior motivação de todas: Maracanã lotado. Não há dúvidas quanto ao favoritismo claro do Botafogo para esta partida, mas em se tratando de clássico, meu amigo, principalmente entre times cariocas, tudo é possível. Garantia de emoção.

A certeza é de que sem dúvida alguma o jogo desta quarta a noite promete. Em se tratando de importância, ouso falar que para o Vasco a partida é ainda mais vital já que o time cruzmaltino amargou na última quarta feira vexatória eliminação diante do Gama dentro do Maracanã e corre o risco de ficar sem ter o que fazer até o início do Brasileirão, mas para o Bota, qualquer resultado diferente da vitória poderá abalar as estruturas de General Severiano e fazer sucumbir todo o planejamento de 2007, que anda as mil maravilhas.

O Flamengo, enquanto isso, espera e assiste de camarote.

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Fluminense Football Club. Se há um clube no Brasil atualmente que pode ser considerado sinônimo de desorganização, este é o nome oficial, reconhecido e amado dele. O Tricolor passou todo o ano de 2006 batendo cabeça em busca de afirmação como grande time. Tem dinheiro, mas não sabe contratar; tem bons dirigentes, mas que não se entendem. Assim fica difícil.

A cada empate inesperado, derrota apertada, rola a cabeça de um treinador pelos lados das Laranjeiras, e a incerteza do dia de amanhã atrapalha - e como! - o dia de hoje. Branco foi a esperança de moralidade na direção do clube do início de 2007, mas até agora só o que se viu foi uma equipe fraca, que sofre pela batalha de egos de seus principais jogadores e, que em pouco mais de três meses, se viu rebaixada de candidata ao título do Brasileiro deste ano a amarga incógnita que sequer se fez notar no Campeonato Carioca. É bom o Flu encontrar seu rumo, pois o fim de ano poderá trazer um sabor bem mais amargo a sua torcida, e que o Flu conhece bem: o sabor da segunda divisão...