terça-feira, 24 de abril de 2007

Pra onde foram os fazedores de gols?

Henrique Fernandes

"Celeiro de craques". Sem dúvidas uma expressão corriqueira e usual para se definir o maior futebol do mundo, o Brasileiro. Quem vê as escalações das melhores equipes do exterior, tem a comprovação de que alguns dos jogadores mais importantes, mais decisivos já estiveram batendo pelada em campinhos de terra batida tupiniquins. É de se louvar e de se orgulhar.

Como explicar então a carência evidente de centroavantes nos principais campeonatos do futebol brasileiro atual? Ora, tirando-se o camisa "dez", aquele que desde os tempos do inigualável Pelé tem a obrigação moral de dentro de campo encabeçar o time; e o goleiro, gênio solitário da grande área, sem dúvidas o jogador mais importante e mais místico do time é o centroavante. De seus pés nascem os gols, momentos de gozo sublime do futebol e que dão razão de ser ao esporte bretão.

Eis que atuando no Brasil, somente um paira sobre os outros e vem alcançando a hegemonia máxima da posição. Seu nome, simplório como tudo no futebol, só tem duas sílabas irmãs: Dodô. O artilheiro da estrela solitária - longe de ser a estrela solitária de um time que vem brilhando tanto quanto o astro - tem a melhor média de gols da temporada, status de ídolo máximo do time, e a eficiência que há muito não se via correr pelos campos do futebol Brasileiro.

Agora, tirando-se Dodô, quem é capaz de dar tanta certeza aos torcedores de que verão o balançar das redes? O mais próximo que se chega é o arisco Araújo, que vêm fazendo chover nas Minas Gerais e conduzindo o Cruzeiro ao bi-campeonato. No entanto, Araújo não é jogador fixo de área, e a cada dia que passa, é mais dinâmico no esquema armado por Paulo Autuori, ficando mais longe da baliza, seu objeto de desejo e alvo. Poderia-se falar no jovem Alexandre Pato, mas Abel Braga parece ter sido acometido de um conservadorismo bobo impedindo que o prodígio dos pampas desenvolva seu futebol com a tranquilidade de um titular.

Portanto, caro leitor, há que se preocupar com os destinos do futebol Brasileiro no tocante aos centroavantes. Logo eles, que são os principais produtores de gols e que fazem a alegria da torcida, parecem estar em extinção. No Rio, um anjo negro parece ter perdido as forças e tem em sua volta incerta, uma amarga incógnita. Vinha carregando nos pés a esperança de uma nação rubro-negra e milhões de súditos, mas agora está ferido. Com a cruz de malta no peito, um semi-deus parece ter reservado seu último ato, antes de seguir eternamente para seu lugar cativo no olimpo dos grandes craques. O Flamengo espera por Obina, e o Vasco torce por Romário. Admiradores do futebol torcem também, e pelos dois.

Agora, órfãos que estamos dos inexpugnáveis fazedores de gols, esperamos para que surjam novos semi-deuses. Que seja Dodô, astro-mor da constelação Botafoguense, que seja Alexandre Pato, esperança de alegria que nasce. A vaga está em aberto e precisa urgentemente ser preenchida para que o melhor futebol do mundo, não deixe de o ser por falta de gols.

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