Bruno Guedes
Dentro da área jamais vi igual. Faro de gol, carisma, raça. Atributos encontrados em pouquíssimos atacantes da atual geração. Atleta daqueles que daqui algumas décadas relembraremos a nossos filhos e netos. Contudo, a importância de Romário aos clubes cariocas, desde seu retorno, após a Copa de 1994, é discutível.
Peça fundamental ao Barcelona de Johann Cruiyff, ao lado de Zubizarreta, Koeman e Stoichkov, o Baixinho largou um dos melhores times do mundo, à época, para atuar no Flamengo, no princípio de 95. Não porque as praias e as mulheres cariocas são mais interessantes que quaisquer outras, não porque o futevôlei catalão era de baixo nível, nem mesmo por um ato ideológico de alavancar os clubes do futebol tetracampeão do mundo. Romário trocou o azul-grená pelo preto e vermelho em troca de um polpudo salário, que faria qualquer atleta nos dias de hoje pensar bem antes de trocar o Brasil por Rússia, Catar, Japão e outros.
Para garantir a contratação do melhor jogador de futebol no mundo, em atividade, um conglemerado de empresas se reuniria para pagar o seu salário. O presidente do Fla, Kléber Leite, queria iniciar ali uma era de títulos e de expansão da marca do clube em todo o planeta. Os novos companheiros de Romário, invejavam seu contra-cheque, enquanto junto a outros funcionários não viam cor de seus salários.
Saldo no rubro-negro da Gávea: títulos Estaduais em 96 e 99 e a Mercosul de 99. Jogando pelo Flamengo o Baixinho nunca conseguiu marca melhor do que o 11º lugar no Brasileirão. O clube também não se classificou para Libertadores com o camisa 11 mais famoso do planeta no ataque. Por outro lado, sobraram dívidas, mais de dez milhões de dólares, que são pagos até hoje, quase uma sete anos depois da sua última passagem pelo ataque flamenguista.
Depois de idas e vindas do Flamengo para o exterior, em janeiro de 2000, Romário volta ao clube no qual estreou profissionalmente, o Vasco. Sua passagem deixou muitas marcas e alguns títulos a mais. Logo de cara, atrito com Edmundo, o maior ídolo da torcida cruzmaltina. Em reportagem da revista Placar, se verificou que juntos, os dois atacantes recebiam oitocentos mil reais por mês. Salários de padrão europeu, que obviamente o clube de São Januário não conseguiu arcar, afinal de contas, sua arrecadação não chega aos pés de equipes medianas do Velho Continente. No Vasco, Romário foi pela primeira vez campeão e artilheiro do Brasileirão, em 2000. Venceu também a Mercosul do mesmo ano. Em contrapartida, Romário também acumulou divídas a receber. Tornou-se um sócio do Vasco. Vai e vem quando quer, e mais recentemente, ao lado de Eurico Miranda, tornou o clube refém do projeto Gol 1.000.
Outro grande do Rio a vestir a ter Romário vestindo a sua camisa foi o Fluminense. Em pouco mais de dois anos, alguns gols e nenhum título. Com salário pago integralmente pelo patrocinador do clube, eram normais as reclamações do resto do time acerca dos privilégios do Baixinho. Apesar de não dever nada ao atacante, nada acrescentou a história centenária do Flu a passagem de Romário pelas Laranjeiras.
Consagrado eternamente por suas atuações e gols na Copa dos Estados Unidos, sua vinda para o Brasil sacudiu o mercado do futebol nacional. Porém, deu a falsa impressão que os amadores clubes dessas terras, poderiam desembolsar fortunas para pagar grandes craques do futebol mundial.
Craque marcado para sempre entre os maiores de todos os tempos, Romário vai encerrando a carreira sem ter deixado nenhuma contribuição aos clubes brasileiros. Nada, absolutamente nada ganharam os clubes que nele investiram. Enquanto ele, bem, continuará recebendo até 2015, no mínimo, quase quinhentos mil reais, pagos Vasco e Flamengo mensalmente.
5 comentários:
bruno acho que não é bem assim, o romário contrbuiu sim para os times do brasil.O que voce diz sobre salários acho realmente absurdo,mas ele fez a torcida um pouco mais feliz nos tempos em que esteve por aqui.Se ele já tivesse aposentado,esse tipo de questionamento não seria feito e já estarioamos contando a todos que não o viram jogar que tivemos esse privilégio
Eu entendo bem pq nosso amigo Bruno "Morte ao Eurico" Guedes está tão chateado com Romário... Entendo msm.
Axo q não é bem assim. Tenho Romário como o melhor centroavante que vi jogar e reverencio seu futebol, acima de tudo. Terei orgulho em dizer aos meus filhos que vi jogar em sua plenitude um gênio da área. Espero que ele tenha o fim que merece.
Reafirmo minha posição de que o Romário é o maior gênio da pequena área que já existiu.
Mas no saldo final da sua carreira ele deve muito mais aos clubes do Rio, principalmente Vasco e Flamengo, do que o contrário.
Quanto ao fim de carreira, ele já não tem o que sua história merece.
Falar que Romário eh o melhor atacante dos últimos tempos só pode brincar com as palavras. Sinceramente, Ronaldo Luiz Nazário não precisa mais provar ao seus trinta e um anos que é o melhor atacante da década de 90 até os dias de hoje. Talvez Romário impressione pelos números, mas nunca correu atrás da bola, de fato!
O Ronaldo sempre foi e será um bom atacante, mas fenômeno mesmo, só de marketing.
Faro de gol, posicionamento perfeito, só com o Baixinho.
Talvez esse final triste de carreira acabe provocando essa confusão na cabeça das pessoas.
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