domingo, 7 de outubro de 2007

Atlético, Corinthians, Flamengo: é Massa!

Henrique Fernandes Lição básica do futebol: dentro de campo, são onze contra onze. Esqueçam isso, ou melhor, relativizem.

Vamos falar de time grande, porque são os times grandes que conferem graça ao futebol brasileiro. Na última quinta-feira, fui pego por um misto de exaltação e inveja ouvindo pelo rádio - de todos os veículos o que te coloca mais perto da torcida - a vitória mítica do Flamengo sobre o líder "inexpugnável" São Paulo. Me arrepiei. De fato, os flamenguistas tem todo o direito e a obrigação de gritarem em uníssono "Que torcida é essa?", e estejam certos, nem o mais sábio dos deuses do futebol terá uma resposta convincente para a pergunta.

O Flamengo deu um vareio no São Paulo. Não foi um placar elástico, não foi uma goleada inquestionável, mas dentro das quatro linhas mostrou que a superioridade num esporte delicado como o futebol não se resume a 40 pontos de diferença. Fora do campo, nas arquibancadas, reduziu o São Paulo a pó. Sublime. E a urubuzada voou contente naquela noite no Rio de Janeiro, comemorando o fato de serem tão fascinantes. O Flamengo perdeu indiscutivelmente para o Fluminense ontem. E daí?

Outro fenônemo de enorme magnitude chama-se Corinthians. Ainda acho que o péssimo time que aí está cai, mas ontem mostrou que será pra sempre o Corinthians. No Morumbi ontem, os guerreiros de São Jorge tiveram que matar o mais terrível dos dragões. É bem verdade que o dragão tricolor estava ferido, mas o que complicou o que poderia ser uma vitória natural São-Paulina foi a soberba que entrou em campo com o time de Muricy, pensando que ganharia o jogo a qualquer momento. Enquanto Felipe - goleiro mais goleiro que Rogério Ceni, o grande goleiro - fazia chover debaixo das traves Corinthianas, Betão chorava aliviado o gol chorado da vitória. Caiu um tabu de 4 anos, que um dia cairia, mas nem o mais fiel dos fiéis acreditava que a redenção viria ontem. Especial.

O terceiro gigante que provou mais uma vez sua grandeza foi o Atlético. O time vai mal das pernas e o torcedor ainda nem teve tempo pra esquecer a vergonha de 2005. Subiram juntos, torcedores e o alvinegro, dentro do Mineirão lotado. Ontem, quem esteve no Mineirão viu o time sair perdendo, mas virar, com a naturalidade dos maiores de todos. Marinho e Eduardo saíram do banco de reservas para entrarem em campo, e saíram do campo para entrarem no hall dos heróis Atleticanos, nem que seja só por um dia. Marinho já estava neste hall e é figura indispensável para que estes milagres sigam acontecendo. O Atleticano carente agradece.

Fato é que os exemplos que estas torcidas deram nesta semana colocam em xeque a máxima de que em campo, são onze contra onze e ponto final. Que todas as torcidas do mundo sigam estes exemplos e contribuam para a nobreza do futebol, que por si só, já é nobre. Os templos do maior esporte de todos espalhados pelo Brasil agradecem, e suas arquibancadas esperam ansiosamente.

Um comentário:

Rafael Grohmann disse...

Muito boa, coluna. E a mimada torcida são-paulina vai se afastar ainda mais dos estádios depois dessas derrotas... (me incluo nesse "mimada")