sábado, 14 de julho de 2007

Viva a Cervejinha!

Por Débora Nobre
Concordo com todo o entusiasmo em relação ao Pan: sediar uma competição importantedará grande destaque para o Brasil. Mas também tenho meus pensamentos pessimistas,de que é um momento perigoso para o país. Podem até chamar isso de bairrismo, a eterna birra entre Rio e São Paulo, mas convenhamos que a cidade-sede deste Pan não inspira muita confiança. O jeito é torcer para que tudo dê realmente certo, em todosos aspectos possíveis e imagináveis.
Mesmo com tantos sentimentos controversos, minha casa parou ontem à tarde. Estávamos todos reunidos para assistir pela TV à abertura dos Jogos Panamericanos. Foram 3 horas de atenção voltada exclusivamente para os detalhes do espetáculo. O show de luzes e fogosde artíficio, músicas e artistas, coreografias e encenações foi impecável, do início ao fim.Depois de tanta desconfiança, devo admitir minha emoção em saber que somos capazes de realizar algo tão bonito e envolvente. É indiscutível o poder que a música e a energia dosatletas e do povo brasileiro têm para contagiar qualquer cidadão.
Falando nisso, aqueles cidadãos que lotavam o estádio do Maracanã resolveram vaiar o nosso Presidente. Percebendo a situação, o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro teve também seu momento de decisão, um tanto precipitada. Enquanto as câmeras mostravam Lula pronto para iniciar seu discurso, o presidente do COB se adiantou, pegou o microfone e deu como iniciado o "Pan do Brasil". A quebra do protocolo foi gritante, o constrangimento... Resta esperar os próximos dias para observarmos a reação do falante Luiz Inácio Lula da Silva.
Parece que o negócio já começou errado. O sentimento foi de que entramos com o pé esquerdo nos Jogos Panamericanos. Depois disso, depois de tanto pensar se vale a pena gastar bilhões com a estrutura deste evento, se vamos ser bem-vistos no exterior, se há perigo durante os jogos... Lembrei de um acontecimento anterior. A família estava lá sentada admirando as luzes na televisão, enquanto tocava a música tema escolhida para o Pan do Rio. No refrão, a cantora entoava "Viva essa energia", fazendo a galera da arquibancada vibrar com tanta alegria. Foi aí que minha prima, de 10 anos, perguntou: "Viva a cervejinha, como assim?"
Esse é o Brasil. Enquanto o governo e os atletas se esforçam para convencer, para fazer um belo espetáculo, gastando as reservas financeiras e fazendo discursos imponentes sobre a importância do esporte para o nosso povo, minha priminha está pensando na cervejinha. Onde tudo acaba em pizza, nada melhor do que uma cervejinha para acompanhar. Se o Pan do Rio vai dar certo... ainda não sei. Espero ver duas semanas de muita felicidade e sucesso. Por agora, concordo em brindar à cervejinha do Brasil. Deixemos os problemas para depois.

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