terça-feira, 28 de agosto de 2007

O luto de volta aos gramados

Henrique Fernandes
Na saída da versão radiofônica do Resumo Esportivo de ontem, fui surpreendido pelo pedido do amigo Ígor Gama para postar aqui no blog na segunda-feira, tradicionalmente meu dia de postagem, ao invés da terça, dia dele. Troquei de bom grado, e resolvi postar hoje para não congestionar o blog. Parece que foi Deus que me concedeu a oportunidade de atrasar minha postagem, para que eu pudesse escrever aqui sobre algo que me comove especialmente no mundo do futebol.

Na manhã de hoje, 28 de Agosto de 2007, o futebol mundial viveu mais um momento de luto. O jovem defensor espanhol Antonio Puerta, faleceu por complicações em seu estado de saúde após um mal súbito sofrido dentro do gramado na partida entre seu time, o Sevilla, e o Getafe, no último sábado. Puerta tinha 22 anos.

Imediatamente, o torcedor Brasileiro se transporta para a fatídica noite de 27 de Outubro de 2004, quando o defensor Serginho do São Caetano sucumbiu no gramado do Morumbi pra nunca mais se levantar. A imagem do desesperto dos atletas de ambos os times nos permite ter idéia da dimensão do que seja ver um companheiro de profissão perder a vida diante de seus olhos. A torcida do São Paulo gritou o nome do zagueiro adversário - que já não podia ouvir - e provou que nessas horas o fato de ser um adversário em condição desfavorável pouco importa. Era como se quisessem trazê-lo de volta a vida. É de arrepiar.

É engraçado como nos sentimos impotentes diante de fatos como estes. É estranho pensar que atletas no auge de sua capacidade física, examinados minuciosamente por médicos gabaritados possam estar tão vulneráveis a morte por ocasião do esforço que o futebol demanda, como estão. No caso do jovem Puerta, os médicos que cuidaram do jogador durante a internação já eximiram o clube de culpa. Disseram que a anomalia que provocou a morte do jogador é de difícil detecção, ou seja, Puerta estava condenado e sequer teve o direito de saber disso.

O Sevilla é um dos clubes mais bem estruturados do mundo. É o clube de jogadores Brasileiros como Daniel Alves, Luís Fabiano e Renato. E já foi o clube de Júlio Baptista, hoje titular da seleção Brasileira. Ainda assim, um dos atletas do clube faleceu repentinamente, como se a vida fosse algo banal e substituível. Culparemos o clube? O jogador? Não havia tanta insolação quanto nas partidas de verão às 16 horas aqui do Brasil, nem a altitude criminosa de La Paz, no entanto, Puerta sucumbiu. Foe sucumbiu. Féher sucumbiu. Serginho sucumbiu.

Contra os desígnios da vida e da morte, não há como lutar. O futebol está de luto novamente. Deixemos de procurar culpados pelo menos desta vez. Deixemos que as coisas sigam sua ordem natural e respeitemos o sofrimento da família de Antonio Puerta e de seus companheiros de Sevilla. Futebol é coisa séria, mas quando rompe as barreiras da vida e da morte, deixa de ser o futebol que prezo e conheço, que é o da alegria, dos gols, e que o derrotado pode se recuperar na rodada seguinte. Quando todos perdemos coisas que não podemos recuperar, não tem graça.

2 comentários:

Bruno disse...

Realmente Henrique, a morte do Puerta foi muito chocante. Um atleta tão jovem perdendo a vida dessa maneira entristece completamente o mundo do futebol.

Parabéns pela postagem e que isso se repita cada vez menos no esporte.

Anônimo disse...

Parabens Henrique bela postagem!Infelizmente o futebol não esta livre desse tipo de coisa e temos que acreditar que as vezes não existem culpados.